19 maio 2025

O que leva a pessoa ao uso de drogas

Os estudos relacionados à dependência química têm se expandido cada vez mais. E, por mais que especialistas busquem soluções para esse problema, ainda estamos longe de alcançar um consenso que resolva essa questão, que continua ceifando vidas a um ritmo alarmante.

Fatores que levam ao consumo

Podemos identificar uma infinidade de fatores que induzem o ser humano ao uso de drogas. No entanto, cada pessoa consome por uma razão diferente.

Nesta matéria, tentaremos identificar ao máximo as diversas razões que levam um indivíduo ao consumo de drogas e, consequentemente, à dependência química.

Antes de tudo, é importante ressaltar que as pessoas não fazem uso de drogas pelo mesmo motivo. Ao contrário do que muitos acreditam, os dependentes químicos não são iguais. O fator que leva o dependente "A" ao uso não é o mesmo que leva o dependente químico "B".

Infelizmente, muitos terapeutas cometem o erro de generalizar os dependentes químicos, tratando todos da mesma forma. No entanto, a dependência é um problema individual e deve ser tratada como tal. É fundamental avaliar sistematicamente cada indivíduo, verificando seu histórico de formação de caráter e personalidade, sua trajetória de vida e, principalmente, seu comportamento emocional.

A disponibilidade das drogas

Quando perguntamos:
"Por que o ser humano faz uso de drogas e se torna um dependente químico?"

Precisamos, primeiro, entender que isso acontece porque as drogas existem no mercado.

Se as autoridades sabem disso, por que então as drogas continuam existindo?

Obviamente, há interesses envolvidos. Não há dúvidas de que, se houvesse um combate rigoroso à plantação, produção, industrialização, transporte, comércio e consumo de drogas, o cenário mudaria, e as substâncias não circulariam tão facilmente entre a população.

Descriminalização e consequências

Infelizmente, o que vemos acontecer é o oposto: ao invés de reforçarem as leis para coibir o uso de drogas, novas legislações estão sendo aprovadas para descriminalizá-las, facilitando o consumo.

O pior de tudo é que estão criando brechas para produtores, industrializadores e traficantes, permitindo que argumentem serem apenas dependentes químicos e que sua atividade está relacionada ao consumo pessoal.

O papel da prevenção

Uma vez que as drogas estão disponíveis e, pelo que observamos, continuarão existindo, é lógico que o consumo também permanecerá. Diante disso, precisamos considerar outra estratégia para que as pessoas deixem de usá-las.

Se tivéssemos uma política de prevenção, informando a população sobre os prejuízos do consumo de drogas, certamente menos pessoas iniciariam o uso e mais deixariam de consumir.

Mas o que acontece, na verdade, é o contrário. Além da descriminalização das drogas, outros fatores contribuem para seu incentivo.

O incentivo ao consumo

Observe as propagandas veiculadas na mídia: frequentemente incentivam o consumo de bebidas alcoólicas—e vale lembrar que o álcool é a principal porta de entrada para o uso de outras drogas.

Analisem os diversos programas de televisão, filmes e novelas, todos, direta ou indiretamente, normalizam o consumo de substâncias ilícitas.

Se prestarmos atenção, perceberemos que muitas músicas populares fazem apologia ao uso de drogas e são tocadas abertamente a qualquer hora do dia.

Por fim, há ainda um grave problema nas escolas: falta uma política preventiva eficaz. O tráfico está presente dentro e nos arredores da maioria dos centros educacionais ao redor do mundo.

O investimento na prevenção ao uso de drogas

O governo investe muito pouco em políticas de prevenção ao uso de drogas. Isso é difícil de entender, pois os gastos com benefícios concedidos a dependentes químicos afastados por auxílio-doença, bem como com o atendimento e tratamento de usuários de álcool e outras substâncias na rede pública de saúde, são muito superiores.

A fiscalização falha

Atualmente, não há uma repressão eficaz ao consumo de bebidas alcoólicas por menores de 18 anos. Embora a lei exista, nem todos a cumprem, e aqueles responsáveis por fiscalizar seu cumprimento não realizam a devida supervisão, nem aplicam punições rigorosas aos infratores.

Além disso, há a legislação que proíbe a condução de veículos sob efeito de álcool. No entanto, sua aplicação é falha e, muitas vezes, desigual: parece funcionar apenas para os mais pobres. A lei deveria valer para todos, sem exceções, mas nem mesmo as autoridades a seguem com rigor.

Esses fatores contribuem para que o consumo de álcool e outras drogas aumente. E isso é apenas o começo do problema.

A importância da prevenção

Prevenir é sempre melhor do que remediar. Contudo, aqueles que poderiam liderar esse trabalho demonstram pouco interesse em fazê-lo.

A prevenção ao uso de drogas não deve ser uma responsabilidade exclusiva do governo. Se empresas privadas e instituições religiosas se unissem nessa causa, os resultados seriam muito mais eficazes e abrangentes.

Empresas e instituições religiosas

Infelizmente, as empresas não costumam investir em prevenção porque isso comprometeria a produção. Elas evitam interromper a rotina dos funcionários para palestras sobre dependência química, pois consideram isso um prejuízo financeiro. No entanto, raramente contabilizam o impacto negativo de ter empregados dependentes químicos: riscos de acidentes de trabalho, conflitos internos, atendimento inadequado ao público, faltas, atrasos e indenizações.

Ainda há outra barreira: muitos empregadores também fazem uso de substâncias, o que dificulta a promoção de políticas de prevenção dentro das empresas.

As instituições religiosas também não se dedicam totalmente à causa, pois comercializam bebidas alcoólicas em suas festas e quermesses. Se investissem em programas de prevenção, essa prática seria contraditória.

O jogo de interesses

Diante desse cenário, percebe-se um jogo de interesses que deixa o ser humano vulnerável ao álcool e outras drogas.

Não sei se posso afirmar que há um descaso completo da sociedade com os dependentes químicos. Mas essa é minha visão, e gostaria que a realidade fosse diferente.

Infelizmente, muitos olham para pessoas com dependência química de forma marginalizada, esquecendo-se de que se trata de um problema de saúde reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS)—além de ser uma questão social e educacional.

Se analisarmos os diversos fatores que levam um indivíduo a se tornar dependente, fica evidente que NÃO se trata de mera "falta de vergonha na cara", como muitos acreditam.

Pobreza

Na maioria dos casos, o dependente químico vem de famílias pobres. Para muitos jovens, trabalhar no tráfico de drogas e consumir essas substâncias parece mais fácil e rentável do que conseguir um emprego formal.

Há um grande número de crianças abandonadas ao redor do mundo. Quando a parte boa da sociedade não as acolhe, elas acabam sendo absorvidas pela parte ruim, onde já existe um número significativo de dependentes.

As áreas de moradia das pessoas menos favorecidas não recebem a segurança adequada, que é um direito de todo cidadão, facilitando o acesso de traficantes e dependentes.

Além disso, essas pessoas sofrem discriminação por parte da sociedade, sendo excluídas de locais de lazer, educação e cultura. Em alguns casos, é mais fácil conseguir drogas ou álcool do que alimento, levando muitas crianças a iniciarem o uso de drogas por fome.

Sem estrutura familiar, educacional e social, o indivíduo muitas vezes recorre às drogas ou ao álcool por se sentir rejeitado, discriminado e humilhado.

Más companhias

Por falta de acompanhamento familiar, vulnerabilidade devido ao local onde reside, ausência de controle dentro e fora das escolas, ou discriminação social e racial, o indivíduo encontra em grupos ou tribos pessoas que o acolhem, oferecendo aquilo que ele não obteve onde mais precisava.

Falta de incentivo aos estudos

É difícil entender por que o pobre começa a estudar em uma escola pública e, quando consegue, termina em uma universidade paga, enquanto os mais privilegiados financeiramente iniciam em escolas particulares e terminam em universidades públicas.

Devido à necessidade de os pais trabalharem fora e não acompanharem devidamente seus filhos, as crianças pobres, sem acesso a locais de cultura e lazer, acabam abandonando os estudos para buscar essas experiências nos momentos em que estão sozinhas.

Contato direto com álcool e drogas

É comum que drogas circulem livremente dentro e nas proximidades dos colégios, com fácil acesso para todos. Apesar de ser um problema conhecido, pouco é feito para combatê-lo.

Importância da prevenção

A dependência química deveria ser uma matéria obrigatória nas escolas, explicando os males que ela traz ao indivíduo, à família e à sociedade.

Os responsáveis pela educação deveriam contratar pessoas que se recuperaram da dependência para palestras de prevenção contra álcool e drogas em todas as escolas do país. Isso certamente reduziria o número de novos usuários e ajudaria os atuais dependentes.

Discriminação e preconceito

Jovens, adolescentes e crianças são discriminados constantemente devido à sua condição social, cor, raça, estado de origem, credo religioso, defeitos físicos, entre outros. Não são aceitos como seres humanos pela sociedade.

O pior é que a discriminação e o preconceito são ensinados dentro de muitas famílias brasileiras, especialmente por aquelas que nunca passaram fome ou enfrentaram dificuldades extremas.

Falta de emprego

Faltam projetos sociais que incentivem jovens e adolescentes a estudar em um período do dia e estagiar em empresas no outro, recebendo salário e aprendendo uma profissão.

Essas oportunidades são oferecidas apenas a uma parcela mais privilegiada da sociedade.

Sem programas de profissionalização e incentivo, o país caminha para um futuro caótico em termos de mão de obra, já que as empresas não oferecem oportunidades aos jovens e discriminam pessoas acima de 40 anos.

Por que jovens iniciam o uso de substâncias?

Normalmente, as pessoas começam a usar drogas ou álcool devido a:

  • Falta de atenção e amor dos pais.
  • Discussões constantes entre os pais.
  • Agressão familiar.
  • Falta de compreensão.
  • Regras e normas impostas de forma excessiva.
  • Excesso de liberdade.
  • Influência dos locais e pessoas com quem os pais se relacionam.
  • Excesso de cobrança nos estudos e no trabalho.
  • Excesso de mimo.
  • Uso de álcool e drogas pelos próprios pais.

Esses fatores levam o indivíduo a buscar grupos sociais onde drogas e álcool são vistos como soluções para seus problemas.

A influência dos pais

Muitos pais permitem que seus filhos tomem decisões próprias e se comportem como acham melhor, esquecendo-se de que adolescentes e jovens são imaturos e facilmente influenciados por outras pessoas.

Os pais devem tomar cuidado com a liberdade atribuída aos filhos, equilibrando diálogo honesto e formação de opinião. Caso contrário, outras pessoas formarão essas opiniões, e podem ser traficantes, usuários de drogas, ladrões, pedófilos, entre outros.

Dentro de muitas casas, o consumo de álcool é comum em festas, viagens, churrascos e encontros familiares. Isso faz com que crianças associem o álcool à felicidade, despertando curiosidade e levando ao consumo.

Alguns pais até molham chupetas de crianças em bebidas alcoólicas, despertando desde cedo o interesse pelo álcool.

Quando descobrem que seus filhos estão consumindo drogas ou álcool, muitos pais os condenam e até os agridem, esquecendo-se de que foram eles mesmos que incentivaram esse comportamento durante a infância.

Separações familiares

Jovens frequentemente iniciam o uso de álcool e drogas após separações dos pais. Eles não entendem a situação, assimilam sentimentos de perda, solidão, tristeza e rejeição, tornando-se vulneráveis.

Buscando consolo na sociedade externa, acabam sendo aceitos em grupos de pessoas derrotadas, onde o consumo de drogas e álcool é comum, perpetuando o ciclo de dependência.

O individualismo e a educação

No mundo em que vivemos, onde o individualismo prevalece, as pessoas perderam a intenção de viver em prol do bem comum, tornando-se egoístas, orgulhosas, materialistas, amantes do dinheiro e do poder. Essa é, muitas vezes, a educação que jovens e adolescentes recebem de seus pais.

Nessa educação, os valores familiares não são preservados, muito menos os valores do bem comum. A educação religiosa é esquecida, e os jovens e adolescentes acabam frustrados com o ser humano, pois, devido à imaturidade, não compreendem os verdadeiros valores da existência.

Desde cedo, dentro de suas próprias casas, os jovens percebem que a paz, a harmonia e o amor não são tão primordiais quanto o sucesso financeiro e materialista. Por conta de sua fragilidade, ficam expostos a tudo o que o mundo lhes oferece.

É importante ressaltar que uma educação religiosa contribui significativamente para a formação de uma personalidade positiva. Os ensinamentos religiosos revelam valores essenciais como amor, humildade, caridade, perdão e paz, que são de grande proveito pessoal, familiar e social.

Problemas sentimentais e emocionais

O ser humano é muito vulnerável às questões emocionais e sentimentais. Muitas vezes, não consegue lidar com esses problemas, recorrendo ao uso de álcool e outras drogas para mascarar suas emoções e sentimentos.

As drogas tornam-se uma válvula de escape, proporcionando alívio momentâneo por meio de substâncias que liberam serotonina, dopamina e noradrenalina no cérebro, gerando sensações de prazer.

Porém, os efeitos dessas substâncias passam, enquanto os problemas permanecem. Isso leva ao uso repetitivo, na tentativa de reviver as sensações de alívio e prazer. Com o tempo, o organismo desenvolve tolerância, exigindo doses maiores, o que culmina na dependência química.

Exemplos de sentimentos que levam ao uso de drogas:

  • Depressão, tristeza, desânimo, rejeição, solidão, frustração, desilusão, traição, timidez, humilhação, críticas, ciúmes, inveja, raiva, ódio, tédio, incapacidade, sentimento de perda, falta de aceitação, entre outros.

Situações difíceis que podem levar ao uso:

  • Compromissos, reuniões sociais ou de trabalho, falar em público, desentendimentos familiares, problemas financeiros, doenças, acidentes, notícias ruins, entre outros.

Uso por diversão e prazer:

  • Festas, momentos de euforia, viagens, fins de semana, feriados, prática de esportes, entre outros.

Traumas de infância

Traumas vividos na infância também são fatores determinantes para o início do uso de drogas. Exemplos incluem:

  • Discriminação, rejeição, abuso físico ou sexual, abandono, pobreza extrema, pais usuários de álcool e drogas, entre outros.

Questões psiquiátricas

Algumas pessoas recorrem ao uso de álcool e drogas devido a condições psiquiátricas. Apenas com acompanhamento clínico adequado é possível obter resultados satisfatórios na recuperação.

Considerações finais

Há uma infinidade de motivos que levam uma pessoa ao uso de álcool e drogas. Por isso, a dependência química deve ser tratada de forma individual, considerando os fatores específicos que levaram o indivíduo a iniciar o uso.

Vale lembrar que a dependência química não tem cura, mas pode ser controlada. Quanto mais cedo o tratamento for iniciado, mais fácil será para a pessoa se libertar do vício.

Auxílio e informações

 faleconosco@alcooledrogas.com.br

Ver todos os links
Ver todos os links