A Sobriedade e Sua Transformação
Os dependentes de álcool e drogas normalmente adquirem, ao longo do tempo de uso, uma infinidade de defeitos de caráter, muito difíceis de serem eliminados.
No entanto, sobriedade não significa apenas parar de beber e/ou usar drogas. O dependente precisa passar por uma transformação que o leve a ser um bom cidadão, bom marido, bom pai, bom filho, bom amigo, bom irmão, bom profissional e um bom cristão.
Essa transformação ocorre por meio de uma busca individual ou coletiva dentro da espiritualidade (igreja/religião) e do grupo de apoio, onde, em reuniões com outros dependentes, experiências e dificuldades são compartilhadas. Sempre com a orientação de um coordenador, são fornecidas diretrizes sobre como lidar com cada obstáculo.
Para o dependente de álcool e drogas, não é possível manter-se sóbrio sem antes passar por um processo de mudança de vida.
O Processo de Recuperação
A recuperação envolve diversas etapas fundamentais:
Reconhecimento da Impotência
O dependente precisa aceitar que se tornou totalmente impotente diante do álcool e das drogas e que perdeu o controle sobre sua própria vida.
Avaliação da Relação com o Vício
É essencial que o dependente analise sua relação afetiva com o álcool ou as drogas, pois essa ligação pode afetar sua motivação para a recuperação.
Balanço de Vantagens e Desvantagens
Ao comparar os benefícios e prejuízos do uso, pode-se perceber que as desvantagens são muito maiores, o que contribui para fortalecer a motivação.
Apoio e Planejamento
A sobriedade não acontece por acaso. Fé, coragem, determinação, força de vontade e sabedoria são fundamentais para percorrer esse caminho de responsabilidade.
Situações de Risco
A recaída pode ser motivada por diversas situações. Entre as principais, destacam-se:
Emoções Negativas
Depressão, tristeza, desânimo, ansiedade, estresse, solidão, rejeição, frustração, timidez, ciúme, inveja, raiva, ressentimento, humilhação, autopiedade, lembranças ruins e desprezo.
Dificuldades Cotidianas
Compromissos sociais ou de trabalho, interações com estranhos, desentendimentos familiares ou profissionais, término de relacionamento, doença ou falecimento de um ente querido, negócios e preocupações financeiras.
Diversão e Momentos de Euforia
Festas, boas notícias, paixão, sexo, prática de esportes, viagens, feriados e fins de semana.
Problemas Físicos e Psicológicos
Insônia, dores físicas, doenças próprias ou de familiares, cansaço extremo, medo de sair à rua, solidão e pensamentos desagradáveis.
Hábitos que Facilitam o Uso
Beber ou usar drogas após o trabalho, ao chegar em casa, ao ver alguém consumindo ou ao frequentar ambientes que favorecem o vício.
Estratégias para Evitar a Recaída
O dependente deve identificar suas fraquezas e criar um plano de combate para cada situação de risco, incluindo:
· Buscar apoio da família, da comunidade, da igreja e dos grupos de recuperação.
· Evitar horários de risco, substituindo-os por atividades saudáveis e compromissos positivos.
· Lidar com crises de abstinência de maneira estratégica:
o Fazer uma oração.
o Pensar nas consequências negativas do uso.
o Telefonar para um amigo da recuperação.
o Ficar em casa para evitar gatilhos de recaída.
Além disso, é importante observar sinalizadores que podem levar a uma crise de abstinência, como reencontrar pessoas da época de uso, cheiros que despertam gatilhos, lembranças dolorosas do passado e falta de perdão.
A Mudança de Vida e a Sobriedade
Todo dependente não nasceu usando álcool ou drogas. No início, ele tinha uma vida regrada, cumpria horários, era responsável e confiável. O vício roubou essas qualidades, tornando fundamental resgatá-las por meio da mudança de hábitos e costumes.
A transformação abrange:
· Equilíbrio físico, psicológico e emocional
· Ajustes no comportamento e atitudes
· Melhoria nas relações familiares e sociais
· Planejamento financeiro e profissional
· Fortalecimento espiritual e da fé
Dica: A inclusão de atividades físicas, esportes e lazer é altamente recomendada para auxiliar na recuperação e bem-estar.
Caminhos para a Recuperação
Cada dependente tem sua própria jornada. Alguns conseguem se recuperar sozinhos, enquanto outros precisam de acompanhamento especializado.
1. Recuperação Individual
Algumas pessoas conseguem abandonar o vício após experiências traumáticas, como perdas financeiras, término de relacionamentos ou problemas de saúde.
2. Apoio Terapêutico
Acompanhamento psicológico e psiquiátrico pode ser crucial para desenvolver mecanismos de enfrentamento emocional.
3. Grupos de Autoajuda e Fé
A espiritualidade pode preencher os vazios deixados pelo sofrimento, trazendo propósito e esperança para a recuperação.
4. Tratamento em Regime Interno
Para casos mais graves, onde o dependente já tentou diversas abordagens sem sucesso, a internação em clínicas ou comunidades terapêuticas pode ser necessária.
Cuidados na escolha do tratamento:
Antes de buscar uma clínica ou comunidade terapêutica, pesquise bem sobre:
· Credibilidade e metodologia do tratamento
· Experiências de ex-pacientes
· Uso ou não de medicamentos
· Enfoque na espiritualidade
· Referências de profissionais responsáveis
Nem sempre a clínica mais cara é a melhor opção. O mais importante é garantir que o tratamento ofereça os cuidados adequados ao perfil do dependente.
Auxílio e informações: